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Uso Consciente de Medicamentos: impacto no intestino, disbiose e saúde digestiva

O uso excessivo de antibióticos e anti-inflamatórios afeta o intestino. Saiba como proteger sua saúde digestiva com escolhas conscientes. Vamos fazer o uso consciente de medicamentos!


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Os medicamentos são ferramentas fundamentais para tratar e controlar doenças. No entanto, o uso indiscriminado ou prolongado pode trazer consequências importantes para a saúde digestiva. Automedicação, antibióticos usados sem critério e anti-inflamatórios tomados com frequência estão entre os principais responsáveis por desequilíbrios no intestino, como disbiose, gastrite, úlceras e até risco aumentado de complicações graves.

Dentro da Medicina do Estilo de Vida, um dos princípios é evitar riscos e reduzir fatores que possam comprometer a saúde. Isso inclui o uso consciente de medicamentos, sempre com orientação profissional e levando em conta os possíveis efeitos no aparelho digestivo.


Automedicação: um problema silencioso


A prática da automedicação é comum, mas perigosa. Analgésicos, laxantes, antiácidos e antibióticos são muitas vezes consumidos sem supervisão médica. Embora tragam alívio momentâneo, podem mascarar sintomas de doenças importantes ou provocar efeitos colaterais indesejados.

No aparelho digestivo, a automedicação pode:

  • Aumentar o risco de úlceras e sangramentos.

  • Provocar desequilíbrios da microbiota intestinal.

  • Interferir na absorção de nutrientes essenciais.

O primeiro passo para reduzir riscos é compreender que todo medicamento, mesmo os de venda livre, pode impactar a saúde intestinal.


Antibióticos e disbiose intestinal


Os antibióticos salvam vidas, mas seu uso excessivo traz consequências. Eles não diferenciam bactérias “boas” das “ruins” e acabam alterando a microbiota intestinal. Esse desequilíbrio, chamado disbiose, pode gerar sintomas como diarreia, dor abdominal e maior susceptibilidade a infecções oportunistas, como a provocada pela Clostridioides difficile.

Estudos mostram que, após um ciclo de antibióticos, a microbiota pode levar meses para se recuperar completamente. Em alguns casos, as alterações persistem e aumentam o risco de doenças inflamatórias intestinais e síndrome do intestino irritável.

Por isso, antibióticos devem ser usados apenas quando realmente necessários, seguindo prescrição médica, e acompanhados de medidas que ajudem a proteger o intestino, como dieta rica em fibras e, em alguns casos, probióticos.


Anti-inflamatórios e risco de úlceras


Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como ibuprofeno e diclofenaco, são amplamente utilizados para dores e inflamações. Porém, seu uso frequente está associado a gastrite, úlceras e até sangramentos digestivos. Isso ocorre porque os AINEs reduzem a produção de prostaglandinas, substâncias que protegem a mucosa gástrica contra o ácido do estômago.

O risco aumenta em pessoas que usam AINEs por tempo prolongado, em doses altas, ou associam com álcool e tabaco. Pacientes idosos e com histórico de doença ulcerosa são ainda mais vulneráveis. A orientação médica é fundamental para avaliar necessidade, tempo de uso e, em alguns casos, prescrever protetores gástricos em associação.


Outros medicamentos com impacto no intestino


Além dos antibióticos e anti-inflamatórios, outros fármacos podem afetar a saúde digestiva:

  • Antiácidos em excesso: podem alterar o pH do estômago e favorecer infecções intestinais.

  • Laxantes estimulantes: usados de forma crônica, prejudicam o funcionamento natural do intestino.

  • Inibidores de bomba de prótons (IBPs): embora úteis no controle do refluxo, seu uso prolongado está relacionado a risco de disbiose, deficiência de vitamina B12 e magnésio.

Esses exemplos reforçam a importância de sempre avaliar riscos e benefícios com um profissional de saúde.


O papel da Medicina do Estilo de Vida


O International Board of Lifestyle Medicine (IBLM) defende que, sempre que possível, mudanças no estilo de vida sejam a primeira linha de cuidado — nutrição equilibrada, sono de qualidade, manejo do estresse, atividade física e redução de álcool e tabaco.

Em muitos casos, essas mudanças reduzem a necessidade do uso contínuo de medicamentos ou permitem doses menores. Por exemplo:

  • Uma dieta rica em fibras pode melhorar a constipação sem uso de laxantes.

  • Exercícios regulares reduzem dores musculoesqueléticas, diminuindo a necessidade de anti-inflamatórios.

  • Técnicas de manejo do estresse podem reduzir crises de gastrite funcional.

Isso não significa negar a importância dos medicamentos, mas utilizá-los com consciência e como parte de um plano integrado de saúde.


Estratégias práticas para proteger o intestino:


  • Evite automedicação. Procure orientação médica antes de iniciar ou prolongar qualquer tratamento.

  • Se precisar de antibióticos, siga corretamente o tempo prescrito, sem interromper precocemente.

  • Associe o uso de medicamentos a uma alimentação saudável e rica em fibras para favorecer a microbiota.

  • Informe seu médico sobre todos os remédios que usa, incluindo os de venda livre e fitoterápicos.

  • Reavalie periodicamente, junto ao profissional de saúde, a necessidade de medicamentos de uso contínuo.


Conclusão


O uso consciente de medicamentos é um passo essencial para proteger o aparelho digestivo. Automedicação, abuso de antibióticos e uso indiscriminado de anti-inflamatórios estão entre os principais fatores de risco evitáveis para disbiose, úlceras e complicações digestivas graves.

Ao integrar as recomendações da Medicina do Estilo de Vida e buscar apoio médico, é possível encontrar equilíbrio: tratar doenças de forma eficaz sem comprometer a saúde intestinal. Afinal, cuidar do intestino significa cuidar de todo o corpo.


-- Fernando Salan

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